Médium escrevente
Aforismos Espíritas e Pensamentos Avulsos
Quando quiserdes estudar a aptidão de um médium,não evoqueis de imediato, por seu intermédio, o primeiro Espírito que aparecer, pois nunca afirmamos que o médium esteja apto a servir de intérprete a todos os Espíritos, nem que os Espíritos levianos não possam usurpar o nome daquele que chamais. Evocai de preferência o seu Espírito familiar, porque este virá sempre; então o julgareis por sua linguagem e podereis melhor apreciar a natureza das comunicações que o médium recebe.

Os Espíritos encarnados agem por si mesmos,conforme sejam bons ou maus. Podem agir também sob o estímulo de Espíritos desencarnados, de que se fazem instrumento para o bem ou para o mal, ou para a realização de certos fatos. Somos, assim, à nossa revelia, os agentes da vontade dos Espíritos para aquilo que se passa no mundo, tanto no interesse geral quanto no individual. Dessa forma, encontramos alguém que nos leva a fazer ou deixar de fazer alguma coisa; pensamos que é o acaso que no-lo envia, quando, na maioria das vezes são os Espíritos que nos impelem uns para os outros, porque esse encontro deve conduzir a um resultado determinado.

Encarnando em diferentes posições sociais, os Espíritos são como atores que, fora de cena, se vestem como todo mundo e no palco fazem uso de todos os costumes, representando todos os papéis, desde o rei até o catador de lixo.

Há criaturas que não temem a morte, que cem vezes a afrontaram e que experimentam um certo temor na obscuridade. Não receiam os ladrões e, entretanto, no isolamento, num cemitério, à noite, têm medo de alguma coisa. São os Espíritos que se acham ao lado delas, cujo contato lhes produz uma impressão que resulta num temor do qual não se apercebem.

As origens que certos Espíritos nos dão, pela revelação de pretensas existências anteriores, muitas vezes são um meio de sedução e uma tentação para o nosso orgulho, que se envaidece de ter sido tal ou qual personagem.
Allan Kardec
R.E. , maio de 1859, p. 211